quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

História da vida de um nordestino



Antes de mais nada, quero dizer que esse texto que irei postar, foi tirado de uma disciplina que tive na faculdade. Tinhamos que pegar a história de uma pessoa e fazer o perfil dela. E foi isso que eu fiz. Então, sigam a leitura.

Eram 10h da manhã de um sábado ensolarado, quando entrei no bar que fica na rua Protocolo, localizado no bairro do Ipiranga, e ouvi a pergunta do proprietário do bar ao seu mais assíduo cliente: "Seu Antônio, você assistiu o Globo Repórtes ontem?". A resposta veio imediata e em tom de brincadeira: "Não, pois eu estava fazendo sexo nesse horário". Todos caíram na gargalhada.

O dono do bar é Manoel Arruda de Oliveira, 59 anos, baixinho, gordinho, que usa óculos e é natural da cidade de Frei Miguelino, no estado de Pernambuco. Há 34 anos aqui em São Paulo, Manézinho, como é conhecido por todos na rua Protocolo, é considerado por muito gente, inclusive seus familiares, uma pessoa honesta, que gosta de trabalhar e que se preocupa muito com suas dívidas.

Casado, pai de três filhos (dois homens e uma mulher), Manoel começa nossa conversa reclamando do seu filho do meio, Rodrigo, que foi passar o fim de semana na praia. "Poxa, em vez de ficar aqui e me ajudar, ele quis ir para a praia com os amigos. E quando está em casa, fica jogando vídeo game. E o Renato (filho caçula), então? Esse saiu de casa, foi viver com a namorada, mas acaba sempre comendo e bebendo aqui na minha casa. Como é que pode uma coisa dessas?", esbraveja ele nervoso, mas com lágrimas nos olhos.

Ele só se acalma ao falar de Jaqueline, sua filha primogênita. Orgulha-se por ela estar noiva e sempre lutar pelos seus objetivos. Não nega que ama os filhos incondicionalmente, mas como todos estão trabalhando, acredita que eles são obrigados a ajudar nas despesas da casa. Seu Manoel só teme que quando não estiver mais trabalhando, os filhos passam não dar assistência a ele. Crê que a família é um alicerce de tudo.

Antes de vir para São Paulo, trabalho na roça lá no nordeste. Quando chegou a cidade grande, ele passou fome e dormiu na rua.

Explicou-me que quando ajeitou sua vida aqui, começou ganhar muito dinheiro. Iludido e encantado com tanto dinheiro, não soube valorizar e gastou tudo na farra com mulheres, amigos e bebidas.

É apaixonado por dona Maria José, sua esposa. Com todas as dificuldades que enfrentou na vida, ela sempre esteve ao seu lado. "Se fosse qualquer outra mulher, não teria aguentado tamanha pressão quando faltava dinheiro", diz ele.

Lembra-se bem do seu casamento. Estava vestido com uma camiseta, calça e sapatos simples (sendo um deles furado). Riu dessa situação.

Em 1978, chegou a ganhar 80 mil cruzeiros. Foi aí que seu chefe propôs uma sociedade. Por achar que o chefe roubaria todo o seu dinheiro, ele não aceitou a sociedade. Algum tempo depois de gastar todo o dinheiro e se ver em uma situação financeira difícil, seu Manoel foi pedir um emprego ao ex-patrão. Nesse momento, ele escutou: "Vai tomar no seu C..., pois quando eu propus uma sociedade, você não quis".

Hoje ele se lamenta por não ter uma vida estável. Ao mesmo tempo em que falou da sua vida com certa mágoa, seu Manoel deu risada desses acontecimentos e disse que tudo isso que passou, simplesmente "faz parte da vida".

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